A vida tem dessas, tira da gente mas também dá muito, e como! Eu não tive a oportunidade de conhecer o meu pai, mas conheci você, que volta e meia falava dele, “Se Santiago estivesse vivo…”, “Seu pai faria isso…”, “Seu pai gostava de…”. Acho que nunca lhe agradeci por isso, por falar para mim sobre ele. Por me fazer sentir mais próxima dele. E por me amar incondicionalmente como ele também amava.
Todo mundo vai sentir a dor de uma grande perda nessa vida e também a felicidade de uma grande realização/chegada de uma pessoa na mesma. A minha grande dor foi perder o meu pai tão cedo, e a minha grande alegria foi ter sido criada por você.
A vizinha dos meus pais, que se tornou amiga e no fim ganhou duas filhas. Deus não lhe deu filhos de sangue, mas você sabe que tem filhas de alma, eu e minha irmã. Deus levou o Wilson que era a sua família aqui no Rio e foi como um avô para mim, mas lhe deu nós, a sua nova família.
Passei a minha vida inteira ouvindo as suas histórias, e acho que foi daí que talvez tenha pego a paixão por contar as minhas próprias e o interesse em saber a dos outros. Muito obrigada por isso!
Foi com você que aprendi a apreciar tanto a natureza, os momentos brincando no quintal da Alice, comendo fruta do pé, vendo os pintinhos nascerem, correndo atrás das galinhas e cuidando das plantinhas do seu apartamento. Que saudade tenho daquela samambaia que ficava perto da porta da sua cozinha… Quando a gente puder sair de novo, vou colocar uma no seu quarto, está decidido, nem adianta a dona Cácia chiar. Muito obrigada por isso também.
Também acredito que tenha sido com você que aprendi a amar demais. A ser amorosa e delicada (às vezes como um elefante, mas só às vezes), a ser sensível. Que mania a nossa de chorar quando alguém é estupido conosco. E que mania a minha de às vezes ser estúpida e lhe fazer chorar. Por isso lhe peço mil desculpas.
A última foi eu me estressando quando estávamos limpando as coisas que chegaram do mercado. Essa situação que estamos vivendo é muito chata, me estresse, lhe estressa.
Essa situação que estamos vivendo é muito chata, me estresse, lhe estressa. A gente briga porque eu tomo cuidado demais, e tomo cuidado demais porque tenho medo de perder mais uma pessoa que amo muito. De perder você.
Sei que está muito difícil viver assim, ainda mais para você que adora uma rua. Mas vai passar, tudo passa, a gente sabe disso. E enquanto não passa eu aproveito para ouvir mais histórias suas, lhe dar muitos sustos, ver os pássaros na janela (tenho aprendido muito com você), plantar mais mudinhas, até transformar a casa em uma floresta, a nossa floresta. Feliz dia das mães!
Te amo! ❤️