Essas fotos foram tiradas um pouco mais de um mês atrás. Não faz muito tempo, né? Mas engraçado como tanta coisa mudou nas nossas vidas de lá pra cá, não só nas nossas, como nas das pessoas do mundo inteiro…

Me peguei aqui pensando, talvez essa tenha sido a última viagem que farei durante um bom tempo. Doideira, né? Passei a ver essa viagem como uma despedida de um tempo que certamente não voltará. Isso porque eu sempre volto diferente de uma viagem, e uso isso como um marcador temporal. A Thaís antes de… A Thaís depois de…
Aliás, acho que todos os lugares que já conheci não serão mais os mesmos, depois disso tudo. Ou seria um exagero meu? Será que as pessoas vão esquecer disso tudo muito rápido? Será que vão aprender algo? Não sei, talvez as que tenham a infelicidade de perder alguém que amam aprendam, não esqueçam, mudem.
E os lugares que eu nunca fui? Nossa, nunca saberei como eram antes dessa pandemia, será que as coisas vão mudar muito? A experiência vai ser completamente diferente da que eu teria se o Covid-19 não existisse?
Alguns de vocês podem estar pensando que o lugar (matéria) não vai mudar, mas o que é que faz uma cidade ser especial? Sua arquitetura? Sua história? Vi vídeos de Roma e ela não parece mesmo com a cidade que conheci dois anos atrás…
Sempre pensei dessa maneira, mas agora parece ficar mais claro para todos: o que faz o lugar são as pessoas. Nossa, e como as pessoas que vivem lá são alegres, cheias de vida! Vida, é isso!! Falta vida nas ruas, aos olhos de um observador, ficar claro: o planeta não é o mesmo sem nós e nós não somos os mesmos sem ele.
Mas vale lembrar, a Terra não precisa de nós para existir, na verdade, ela ficaria bem melhor sem a raça humana.
Bastou a China paralisar que, depois de 20 anos, o céu de Pequim ficou novamente azul. Como se depois de tanto tempo a Terra pudesse finalmente respirar. E algumas pessoas, tivessem que parar.
E os canais de Veneza? Não estão muito mais lindos agora? Certeza, que se eles pudessem falar diriam: estamos bem melhor sem vocês! Continuem em casa! Não os queremos aqui! Nos deixem em paz!
Triste, né? A impressão que tenho é que a Terra vive num relacionamento abusivo conosco, a tratamos mal, não a respeitamos. Dizemos que a amamos mas o nosso comportamento revela o contrário…
Será que deveríamos encarar o que está acontecendo como um aviso? “Se você não parar de me machucar, é isso que vai acontecer”.
Estamos chegando no limite do nosso relacionamento, a mudança precisa acontecer agora.
Antes que seja tarde demais.
Antes que o “Eu te amo” não importe mais.
ERRATA: Carta aberta de desculpas à Terra.
Obs: Eu te amo.